sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Estágios de consciência e consumo de carne





O hábito alimentar é um campo em que cada um pode experimentar, individualmente, reduzir seu impacto sobre o ambiente ou a emissão de gases de efeito estufa. Ações e atitudes nesse campo são autônomas, não dependem de acordos internacionais ou de políticas governamentais.
O hábito alimentar é culturalmente condicionado e reflete o estágio de consciência de cada pessoa. Um cidadão tem múltiplos modos de pensar e de se comportar diante do consumo de alimentos e, especialmente, da questão do consumo de carne. Nas escolhas alimentares há variações de A a Z. Cada um desses modos reflete um estágio de consciência, que agrupamos em seis situações principais:
  1. Adoto hábitos alimentares formados desde a infância. Condicionado culturalmente, nunca tomei consciência deles e dos impactos que causam. Por inércia ou automatismo cultural, não os questionei. Não tenho motivação ou predisposição em mudá-los.
  2. Conheço os impactos ambientais e climáticos, as dores e sofrimentos causados aos animais, além dos danos à saúde causados por minha dieta, mas não estou disposto a mudar hábitos alimentares que me dão prazer sensorial. Os custos pessoais de uma eventual mudança de dieta são mais altos do que os eventuais benefícios difusos e coletivos que a sociedade pode ter.  “Reconheço que esses custos ecológicos e esse sofrimento dos animais existem, mas nem por isso vou deixar de comer meu churrasco”. Os estímulos olfativos e ao paladar comandam minhas atitudes.  Sou apegado aos prazeres sensoriais e resisto a argumentos racionais. Sou como o fumante que, informado dos males que o cigarro causa à saúde, não deixa de fumar.
  3. Sou consciente de que a cultura alimentar carnivorista provoca impactos ambientais e estou disposto a minimizá-los. Aceito o consumo de carne, desde que não destrua a floresta, não agrave a mudança climática ou o efeito estufa.  Desejo que se limpe processo de produção, que seja identificada a origem da carne na cadeia produtiva, do pasto ao frigorifico e ao supermercado. Informo-me por meio da Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina da associação de supermercados, que controla a origem da carne consumida e evita que tenha origem em áreas desmatadas. Não compro carne da Amazônia, não certificada e que provoca desmatamentos. Focalizo essencialmente o modo como se produz e a ecoeficiência na produção. Não questiono a demanda e o padrão cultural de consumo que induzem essa produção. Sou ambientalista e sou carnívoro.
  4. Questiono as dietas alimentares carnívoras, por razões de saúde humana, de devastação florestal, de consumo de recursos naturais ou de compaixão para com os animais. Simpatizo com os movimentos contra a crueldade para com os animais e o seu sofrimento. (Os animais são meus amigos... e eu não como meus amigos - George Bernard Shaw). Concordo com cientistas de ponta que recomendam diminuir o consumo de carne. Admiro artistas como Gilberto Gil e Paul MacCartney, formadores de opinião, que se colocam a serviço dessa causa e procuram aplicar na vida pessoal mudanças de hábitos alimentares que ajudam a transformar o coletivo de forma mais profunda, duradoura e efetiva. Defendo o não o consumo de carne e a redução da população bovina. Renunciei a ingerir a carne vermelha, admitindo carne branca ou peixes em algumas ocasiões sociais. Não sou inflexível; sou o que se chama flexitariano ou reducetariano. aquele que reduz o consumo de carne.
  5. Pratico o vegetarianismo, não me alimento com qualquer tipo de carne, por razões da ecologia energética e por conhecer as perdas de energia que ocorrem nas cadeias alimentares, alem de ter compaixão para com os animais e preocupar-me com seus efeitos em minha saúde.
  6. Sou vegano e não me alimento de nenhum produto animal, carne, ovos ou laticínios; sou um militante da causa antiespecista, tomei consciência do especismo e o combato e participo de movimentos que defendem tal mudança.
Qual dessas situações mais se aproxima de sua vivência pessoal hoje?
Mudanças de estágios de consciência e de atitudes e comportamentos podem acontecer muito rapidamente, com avanços e retrocessos.  Um indivíduo que evolua de um para outro estágio de consciência e que adote hábitos no sentido de reduzir ou abolir seu consumo de carne faz pouca diferença no computo global. Mas quando tal mudança ocorre em toda uma cultura e sociedade, com milhões (ou bilhões) de pessoas, o beneficio ecológico e climático pode ser significativo. Quanto mais pessoas se transportarem de um estágio ecoalienado para um estágio mais avançado de consciência e adequarem a ele seus hábitos de consumo incluindo  os hábitos alimentares, mais se poderá reduzir os impactos negativos associados a esse consumo: o sofrimento animal, as doenças humanas e os danos  causados pelas mudanças climáticas e ambientais.



Um comentário:

Unknown disse...

Me preocupam o sofrimento animal e os danos ao meio ambiente,nessa ordem.Sou vegetariana,mas ativista contra o consumo da carne e produtos derivados de animais.